Bacharel em Esporte e Sócio da rede de academias Leven, com 4 unidades e cerca de 70 funcionários, Marco Camarneiro é defensor de um estilo de liderança participativa, que olhe para a cultura organizacional da empresa, seja ela de que porte for.
Camarneiro é o quarto entrevistado da série Gestão com Envolvimento, que nos dá a oportunidade de conhecermos líderes que acreditam no diálogo e no engajamento para alcançar os melhores resultados. Protagonistas em suas áreas de atuação, estas mulheres e homens lidam com diversas pressões internas e externas, mas ainda assim optam pela abordagem colaborativa para lidar com seus desafios.
Tendo apostado, há mais de 11 anos, num modelo de academia que preza pelo acompanhamento personalizado – que atente para os objetivos e também para as lesões dos clientes – entende que essa postura deve ser uma prática corrente, tanto nos treinos quanto nos processos internos da empresa.
Quem é o Marco Camarneiro e com quem ele se relaciona?
Sou gestor da Academia Leven, hoje com 4 unidades, junto a outros 2 sócios. Sou bacharel em Esporte pela Escola de Educação Física e Esporte da USP e ainda antes de me formar, esses dois colegas da faculdade me chamaram para participar do projeto que seria um “sonho de academia”. No início trabalhávamos das 6h da manhã até às 10h da noite, depois começamos a contratar professores. Daí entendi o que é gerir, o que é gerir pessoas.
Sempre busquei o autodesenvolvimento. Antes minha atenção se voltava para formações mais técnicas. Hoje busco desenvolver outras habilidades: procurei um MBA, comecei a fazer coaching, buscar consultorias para nos ajudar nas questões de cultura que não conseguimos resolver sozinhos.
Hoje as pessoas com quem mais convivo são meus sócios, meus colaboradores diretos, minha família, alguns amigos. Gosto muito de conversar com amigos que atuam em outras áreas.
Quais são seus maiores desafios de cultura na Leven hoje?
Acredito que não conseguimos ainda fazer com que nossos ideais de academia sejam percebidos e adotados por todo o time. Esse é um processo que aos poucos estamos aprimorando, mas não é fácil. Para que isso aconteça precisamos ficar mais conscientes do que fazemos como líderes.
E o que você já aprendeu nesse processo de ser um líder melhor?
Talvez a coisa mais importante que eu tenha aprendido foi a importância das conversas e, mais especialmente, a importância de saber fazer perguntas que convidem as pessoas a se expressarem. Aprendi a conversar por meio de perguntas. Muita coisa se consegue interferir a partir do que as pessoas dizem e é possível chegar a muitas soluções em conjunto.
Como você se informa, que tipos de cursos te atraem, como você faz para ficar mais sabido?
Gosto de ir a feiras do mercado Fitness e também a eventos de RH. Os últimos a que compareci foram RD on the road, RD Summit, Kenobi Talks e Start-se RH day. Também leio artigos, livros e eBooks, ouço Podcasts no carro e durante os treinos.
E você considera que os aprendizados conseguidos por meio desses canais também se aplicam a pequenas e médias empresas?
Acredito que em empresas menores é até mais fácil, operacionalmente falando, fazer trabalhos em cultura. Não são tantas pessoas, em teoria seria mais simples.
O grande desafio é conseguir compartilhar com os líderes essa visão mais participativa, com abertura para dizer o que pensa e sente. Até porque, na nossa área, as pessoas esperam que o líder venha com as soluções. Se ele expõe deficiências e vulnerabilidades já é imediatamente considerado um líder fraco. Nesse sentido, é uma área bem imatura. Não é fácil bancar uma conversa franca num contexto como esse.
Quando você idealiza essa outra forma de interação com a liderança, ou das experiências que você já teve nesse tipo de interação, que tipos de efeitos benéficos você vê acontecendo na empresa?
Vejo colaboradores se sentindo mais próximos e mais conectados com o propósito da empresa. Vejo pessoas que passam a querer cuidar mais das outras pessoas, o que no nosso caso equivaleria a dizer que existiria um alinhamento de cultura. Vejo o turnover – que é um problema para qualquer gestor de RH, ainda mais com essas novas gerações – sendo reduzido e o processo de recrutamento melhorando.
Por um lado você fala de um cenário muito próspero, e por outro de desafios que parecem intransponíveis. Como estão suas esperanças em relação ao futuro da gestão em empresas como a Leven?
Minha visão é positiva. Acredito que aos poucos os líderes estão se preparando e se abrindo para esse tipo de gestão com mais envolvimento dos colaboradores. O mercado tem olhado mais para isso. Participação, Cultura, Propósito, Nova Liderança têm sido tema de muitas palestras e eventos ultimamente. Então os líderes começam a levar em consideração. Quando o mercado fala, isso é muito poderoso.
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