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É nas conversas que se constroem as melhores saídas, reforça Marco Dacal
Marco Dacal
Este artigo é um entrevistado da série Gestão com Envolvimento, que nos dá a oportunidade de conhecermos líderes que acreditam no diálogo e no engajamento para alcançar os melhores resultados.

Protagonistas em suas áreas de atuação, estes homens e mulheres lidam com diversas pressões internas e externas, mas ainda assim optam pela abordagem colaborativa para lidar com seus desafios.

Como liderar pessoas diferentes sendo uma pessoa única?

Com uma graduação em administração de empresas e um MBA em marketing, Marco Dacal tem um currículo bem resumido mas com muitos anos de experiência. Há mais de 9 anos como Diretor de Unidade de Negócios – B2B na Libbs Farmacêutica, ele já está próximo de completar 24 anos na mesma empresa.

A vida profissional faz com que Marco se relacione com muitas pessoas, o que, apesar da timidez, ele gosta. Homem de poucos amigos, aos poucos aprendeu a ser “convencedor” para fazer um bom trabalho.

Conte um pouco sobre quem é Marco Dacal?

Entrei há 21 anos na Libbs, como estagiário. Quando me formei, passei a ser gerente de produto, que era uma espécie de gestor indireto pois eu precisava convencer, comover, engajar as pessoas sem ser o chefe direto delas. Por uma conjunção de fatores, e muito pelo fato de minhas ideias baterem com as ideias do meu líder na época, me tornei gestor de pessoas. Quando chegou a hora de chefiar, tremi na base.

 

Quais eram os seus receios, naquele momento, em chefiar?

Meu receio maior era de como lidar com as pessoas, uma vez que cada um tem a sua individualidade, suas características próprias. Como liderar pessoas diferentes sendo uma pessoa única?

 

Com quem você mais se relaciona no seu dia a dia?

No início eu tinha a impressão de que o relacionamento com a minha liderança direta era a mais importante. Hoje eu tento fazer minha liderança de uma forma em que eu tenha muito contato com meus gestores diretos, mas não me afasto jamais de quem está na ponta. Separo dias ou períodos da minha semana para manter contato com os consultores que estão no front. Faço isso o máximo que eu posso. 

 

Como você faz para ficar mais sabido?

Busco muitas leituras com foco em modelos de gestão, de olhar coletivo. O caminho natural é depois praticar esse conhecimento na prática, é estar sempre nessa busca. Metodologias colaborativas, formas de escutar as pessoas… a gente cresce muito quando ouve as pessoas, consegue traduzir suas ideias de forma que elas entendam. Assim elas sentem a sua empatia e isso facilita que elas te acompanhem.

Minhas leituras envolvem o jornal Valor Econômico e muitos clippings. Os tempos de deslocamento em viagens eu uso para me atualizar com as informações direto no tablet. Redes sociais eu uso pelo relacionamento e, dentro dessa lógica, o Facebook é um clipping com base na rede de pessoas próximas.

Quando comecei, tive um mentor muito experiente que me ajudou muito também.

 

As pessoas buscam fugir do conflito, não entendendo que é no debate de ideias – que é diferente de partir para a briga – que os dois lados crescem. 

 

Como é seu estilo de gestão? Como você busca o envolvimento das pessoas com quem você se relaciona?

Busco trabalhar dentro do conceito de que “Todo meu time tem que ser melhor que eu.” Como gestor, preciso ser generalista. Meu papel é ajudar que os especialistas da equipe possam sair de seus casulos e fazer o que fazem de melhor.

Trago sempre para os membros da equipe um olhar externo que ajuda as pessoas a se conhecerem. Para isso, faço sempre reuniões em que todos estejam presentes. 

Tem também o momento “Pergunte ao Dacal”, são perguntas secretas e/ou abertas feitas durante uma hora na sexta-feira. Na maior parte das vezes o que as pessoas querem é ajuda na resolução de problemas peer-to-peer.

 

Que tipos de questões as pessoas preferem não falar em reuniões em que todos participam, na sua experiência?

As pessoas buscam fugir do conflito, não entendendo que é no debate de ideias – que é diferente de partir para a briga – que os dois lados crescem. E quando você faz isso na frente de um grupo é melhor ainda, pois as pessoas têm outras opiniões e buscam chegar ao consenso. Eu busco promover entre os meus liderados as discussões mais francas possíveis, em que não há certo e errado, somente a vontade de fazer o melhor pela companhia.

 

Como você vê a importância dessas conversas abertas no atingimento de objetivos e resultados na organização?

É muito difícil uma única pessoa chegar com a melhor ideia. É nas conversas que se constroem as melhores saídas: um coloca uma ideia, outro coloca outra e essas duas ideias somadas vão ser maiores do que uma sozinha. 

 

Qual é o seu maior sucesso na gestão com envolvimento?

Meu maior sucesso é que eu tenho hoje uma equipe super sênior, super engajada. Pensar no tempo em que as pessoas trabalham comigo e o nível de excelência que elas entregam é meu maior sucesso. E isso se reflete no sucesso que a companhia vai tendo na unidade de negócio. O sucesso não é meu, é do time. O maior sucesso de um gestor é ter uma equipe que é melhor que você naquilo que elas são especialistas.

 

Consegue dar um exemplo concreto de um momento em que a sua gestão com envolvimento entregou um excelente resultado?

Estávamos travados com uma pesquisa clínica que havia ficado presa na burocracia. Em seis meses de trabalho só havíamos conseguido seis pacientes. A equipe já tinha tentado de tudo para mapear e solucionar o problema. Precisávamos de mais olhares, mais cabeças pensando, fazer um somatório de ideias.

Conhecia a CoCriar de dentro da Libbs e propusemos então fazer uma cocriação com mais atores envolvidos: um grupo de 30-40 pessoas que incluiía pesquisadores, enfermeiros, etc. Até aquele momento, não estava participando da conversa quem de fato descobre os pacientes.

Foi preciso chegar com um discurso franco: fazer a pergunta fundamental sobre no que nós, a empresa, estávamos sendo ineficazes. A partir desse processo de cocriação, logo fomos de 2-4 pacientes para 30 pacientes nos seis meses seguintes. Dali pra frente a cocriação se incorporou aos processos da minha área.

 

O que você diria para outros gestores sobre quando contratar e quando não contratar uma facilitação de conversas, externa à organização?

Buscar facilitação externa é sempre muito bom. Independente da facilitação ser sobre assuntos fáceis ou difíceis, ela pode ajudar muito a ter melhores resultados. Uma pessoa de fora vai conseguir tirar um pouco das barreiras que a pessoa interna sempre tem. Tem sempre aquela camada de “será que eu estou sendo avaliado?”. A facilitação externa consegue quebrar essas camadas e fazer com que cada um se exponha da melhor maneira. Quebram as hierarquias, sem se perceber, o que ajuda muito a companhia.

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